A única certeza que se tem da vida é a morte. E em 31 de Abril, ela, enfim, bateu na porta de Dercy Gonçalves. A senhora, que já estava com 99 anos, infelizmente não conseguiu chegar ao time ilustre dos centenários. “Dercy foi atriz e trabalhou no Hair, com alguns homens foi feliz com outros foi mulher”, falou, o lindamente abalado, Caetano Veloso.
Mas a anciã também trabalhou em diversos filmes e novelas, teve até um programa no Sbt, e ultimamente fazia free-lancer em diversos eventos da 5ª idade, onde dizia palavrões, declamava poesias e fazia streep-tease (às vezes). “A Dercy sempre foi um esculacho, cara!”, confidenciou uma pessoa que se dizia cover da defunta.
A senhora, que na identidade se chamava Dolores Gonçalvez Costa, veio a falecer (prematuramente para alguns é preciso frisar isso) em casa, enquanto estava conversando com seu gato de estimação, de nome Caralho. “Ela chamou o Caralho de merda, de filho da puta e depois se queixou de uma dor na barriga, quando fui ver o que ocorria, percebi que estava mortinha da silva”, contou aos prantos Suzette Garcia Pereira, empregada da atriz a surpreendentes 70 anos.
O enterro ocorreu na sua cidade natal, Santa Maria Madalena, no estado do Rio de Janeiro, e contou com a presença de 673 desocupados. Antes de começar a missa o padre, João Ferreira Gullar, da maior capela da cidade não se conteve: “É uma pena não poder contar com a presença dos pais da Dercy, pois a coitada morreu tão jovem”. Muitos risos. Na seqüência todos os presentes gritaram em coro: “Puta que pariu!”. Só depois disso a missa começou seu andamento normal de ofensas gratuitas e xingamentos bem empregados.
Mas foi o ator Lima Duarte, que muito emocionado, conseguiu com poucas palavras resumir a trajetória da antiga vedete: “Dercy deixa ao povo brasileiro um legado de obscenidade, má educação e teimosia perante a morte, e isso é para poucos”.
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